sábado, 21 de setembro de 2013

Largar o carro.

                No meio do trânsito incessante, buzinas me gritam para que eu fique. No acostamento, posso ver um ou dois gatos pingado que me mostram o caminho contrário. Pareço confiar mais no sinal discreto dos pedestres do que no barulho de quem grita o que nem sabe o que está gritando. O sábio fala menos. Ouvi falar.
              Vivências ou vidências que me fazem querer sair, parecem ser menores do que a dificuldade que encontro ao olhar para o espelho retrovisor. Estou encurralada em um mar de carros que nem sabem para onde estão indo. Apesar de não saber também, minha vista pela primeira vez se deparara com uma nuvem preta, bem no final.
            Como vim parar aqui? Pegar na direção sem certezas me deixou presa. Olho para os lados e os pedestres já não estão mais lá. É o meu carro, o meu problema. Eles me alertam mas continuam pelo caminho que consideram certo.
              Decidi. Vou descer. Andar a pé. O que vou perder já não se compara com tudo que vou ganhar. Mas, espera. Tenho tempo. Deixa eu ouvir mais um som, andar mais um quilômetro. Tenho tempo, tenho tempo.
Nem tanto.