segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

mania de você

                  Costumávamos ter manias, defeitos. Os meus com os seus formavam os nossos. Só nossos, de doentio que era seja o que for que sentíamos. Você tinha a mania de me amar, eu de fingir que não. Seu defeito era dizer demais, o meu de ser viciada em cada palavra. Se lembra da sua mania de dizer que ia embora e depois voltar? Meu reflexo destrutivo de fingir não me importar com a única coisa que conseguia me prender a atenção: sua ida.
                  O equilíbrio dos opostos que essas palavras podem passar é errôneo. A balança - símbolo que dizem te definir - quebrou. E o desequilíbrio de nossa confusão equilibrava nossa loucura um pelo outro. Quem mais conseguiria entender minhas palavras senão os ouvidos que estão acostumados a tentar ouvir o que eu nem dizia? Eu tenho mania de escrever pra ninguém entender. Parecida com a sua de rimar pra ninguém ouvir. Uma minha, outra sua. Nossa.  
                  

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

dez caracteres.

         Eu ando escrevendo e apagando. Cem caracteres, menos noventa. Pode-se dizer que, as vezes, as palavras parecem não estar lá. Mas é diferente do vazio, do preto, do nada. É como marcar um encontro com um só um olhar no meio de uma legião deles. Não sei para onde olhar ou aonde procurar, mas posso jurar que ele também me procura. Me alivia a comparação entre olhares e palavras, qual a melhor motivação de um senão o outro? E em segundos, sem perceber, acabo de encontrar a palavra perdida na minha própria multidão de sílabas descordenadas. Sentir é tão necessário para escrever quanto escrever é a única coisa capaz de me fazer entender o que eu sinto.
Entendi Senti: Sentir.Senti, escrevi.

"Procure a forma exata de mostrar tudo o que sente em meros rabiscos. Você vai descobrir que eles confortam, mas não são suficientes. Talvez seja preciso alguém para rabiscar com você."