segunda-feira, 19 de novembro de 2012

cheguei.

''Eu quase bati. Mas, aonde? Eu gritei para ninguém. Aí eu pensei. Pensei e...'' Vem, entra. ''Não tinha teto''. Me da sua bolsa, seu casaco e esse peso nas costas que parece ter trazido da rua. ''Não tinha nada. Nada mesmo''. Fala. Ou fica quieto. Faz os dois e fala com o olhar. ''Olhava em volta e não achava um sinal sequer de algo que fosse diferente do vazio. '' Prefere uma xícara de sorrisos apaixonantes ou um prato de desabafos de um grande amor? Um se torna o outro. Por isso, deve ter percebido: aqui não tem coisa nenhuma. ''Era só preto. Era? Mas... como tinha certeza de estar lá?'' Afinal, tudo se torna tudo. Aqui tudo é nada. Nada é tudo. E a confusão que isso pode causar é a resposta. ''Espera, não posso estar imaginando.'' Mas escolha se quiser. É desejar aparecer que aparece. Sinta-se em casa. Esse é seu lugar. Só mais um de tantos. ''Era tão aconchegante, mas irreal.

Real se define por tudo aquilo o que não é imaginário. Imagina só, imaginar que escrever é imaginário.  Só uma porção de códigos, que juntos formam outra porção de códigos. Letras, palavras, frases. Madeira, teto, chão. Invenção. ''Eu escrevia. Não tinha nada. Nada mesmo. Mas era a única coisa capaz de aconchegar verdadeiramente um coração sem lar. Me fazia voltar pra casa, me fazia imaginar uma''